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A História.
A bordo de seu Simca Chambord ou com sua motocicleta Harley Davidson, o
Vigilante Rodoviário Carlos enfrentava todos os tipos de criminosos.
Em seu trabalho, o Vigilante era
acompanhado pelo pastor alemão Lobo, um cachorro muito argucioso no
combate ao crime. A grande missão da
dupla era manter a lei nas rodovias de São Paulo. Uma dupla que
transmitia
muita simpatia, inspirando proteção e segurança e veiculando
mensagens
educativas.
Algumas crianças amigas do Vigilante sempre apareciam no seriado, para
obviamente aproximar mais o programa do público infantil. eram elas: Tuca,
Fominha, Gasolina e Arlindinho.
A Série.
A TV Tupi lançou em 1961 uma criação de Ary Fernandes, O
Vigilante Rodoviário, a primeira
série brasileira filmada em película de cinema, para concorrer com os
enlatados americanos. A série teve apenas 36 episódios, mas o sucesso foi
tão grande durante sua exibição que até hoje existem fãs do herói
espalhados pelo Brasil.
Ary Fernandes era fã de revistas em quadrinhos e seriados americanos e
tinha o desejo de realizar uma série com um personagem brasileiro. A fonte
de inspiração de Fernandes foi o trabalho realizado pela Polícia
Rodoviária do Estado de São Paulo, criada em 1948 pelo governador Adhemar
de Barros para dar emprego aos pracinhas que lutaram na Segunda Guerra
Mundial.
Inicialmente o título da série
seria O Patrulheiro
Rodoviário, mas após o contrato de patrocínio pela Nestlé, a Toddy
comprou um seriado de western norte-americano e o batizou de Patrulheiros
do Oeste, o que resultou na mudança do título para O Vigilante Rodoviário.
A série era exibida na quarta-feira
em São
Paulo e na quinta-feira no Rio de Janeiro às 20 horas, após o
telejornal Repórter Esso. Devido às dificuldades tecnológicas da época,
era
necessário levar a cópia do filme para cada emissora para que
fosse
transmitido.
O sucesso da série foi estrondoso. Logo, o
Brasil foi tomado pela marca do Vigilante Rodoviário e a Nestlé aproveitou
para lançar bonequinhos e miniaturas do Simca Chambord, além de
histórias em quadrinhos do herói.
Após sair do ar em 1962, O
Vigilante Rodoviário foi reprisado pela Tupi em 1967 e pela Rede Globo
em 1972, e anos depois pela TV Excelsior, Cultura e Record.
A Produção.
Assim que teve a ideia para a
série, Ary Fernandes pediu ajuda ao amigo
Alfredo Palácios, dono de um estúdio de gravação. Palácios gostou
do
projeto
e logo cedeu seu estúdio e contribuiu com com quatro latas de mil
pés de
negativo 35mm. Ambos separam umas economias e compraram uma
câmera Arriflex 35mm da extinta Companhia Maristela. Com o apoio da
Força
Pública da Polícia Rodoviária eles começaram a produção.
Muitas foram as dificuldades enfrentadas na produção da série, a equipe
não tinha dinheiro para comprar os negativos de uma só vez, pois recebiam
após a exibição de cada episódio e, assim, iam comprando na Kodak aos
poucos. As filmagens eram feitas em filmes de celulose de 35 mm, copiadas,
montadas, dubladas e reproduzidas em 16 mm para serem transmitidas pela
televisão.
As coisas pioraram, três dias após a assinatura do contrato com a Nestlé,
que patrocinava a série, pois Jânio Quadros assumiu a Presidência da
República e taxou todos os produtos importados em 400%. Com isso a verba
da Nestlé já não era suficiente, uma vez que a maioria dos materiais eram
importados, inclusive o filme, já existia inflação e o valor do contrato
era fixo. Mesmo assim o projeto seguiu.
Com as dificuldades
financeiras, a equipe vivia de permutas, como no caso do veículo usado na
série. Ary Fernandes escolheu o Simca Chambord para ser o veículo do
herói, após o episódio "Ladrões de Automóveis", onde o carro foi alugado
pela produção e todos acabaram gostando dele. Solicitaram algumas unidades
à fábrica que não pensou duas vezes em aproveitar o marketing pois
as vendas do automóvel estavam em baixa naquele momento.
O seriado terminou por falta de dinheiro quando mudou a diretoria da
Nestlé, que não quis arcar com os custos para dar continuidade à série,
que custava dez vezes mais que as produções estrangeiras.
O Elenco.
Mais de 200 atores se candidataram ao papel do herói no piloto da série,
mas nenhum agradou ao produtor e diretor Ary Fernandes, que em um momento
de quase desespero resolveu testar um de seus assistentes de produção,
Carlos Miranda. O resultado foi muito melhor que o esperado. O ator fez
tanto sucesso, foi tão convincente e ficou tão marcado pelo papel que
quando abandonou a carreira artística tornou-se um vigilante rodoviário na
vida real até se aposentar como Tenente Coronel.
O pastor alemão mestiço Lobo, usado no
seriado, nasceu em abril
de 1955 dentro do Parque Estoril em São Bernardo do Campo - S. P., ele foi
entregue ao seu dono Luiz Afonso pelo o seu irmão que por sua vez recebeu
de um casal de alemães onde trabalhava como pintor. O cão foi adestrado
pelo próprio Afonso que inicialmente lhe deu o nome de King. Lobo já era
conhecido no quartel da Força Pública quando, aos 5 anos de idade, o
descobriram para participar do seriado Vigilante Rodoviário. Em 1971,
quando fugia para casa de Ary Fernandes, Lobo foi encontrado morto perto
do antigo lixão da Vila Guilherme após ter sido atropelado.
Outros atores
consagrados apareciam constantemente na série, algo que só foi possível
graças ao patrocínio na
Nestlé. Passaram pela série nomes como: Stênio Garcia, Ary Toledo, Ary
Fontoura, Mário Alimari, Juca Chaves, Fúlvio Stefanini, Lola Brah, Lucy
Meirelles, Rosamaria Murtinho, Elísio de Albuquerque, Milton Ribeiro,
Amândio Silva Filho, Luiz Guilherme, Tony Campello, Sérgio Hingst, Geraldo
Del Rey e Etty Fraser.
O Retorno.
Em 1978, o ministro da Educação, Ney Braga e a Embrafilme decidiram trazer
o herói brasileiro de volta às telas brasileiras, através de um projeto
que visava produzir 26 filmes dirigidos por 26 diretores diferentes. Na
lista estava O Vigilante Rodoviário.
O jurado e galã do programa Sílvio Santos, Antonio Fonzar, foi convidado
para interpretar o personagem, já Carlos Miranda não se encaixaria mais no
papel do Vigilante. Três cães do canil da polícia, cada um com uma
habilidade diferente, foram usados no lugar do Lobo que já estava morto. E
usaram um Dodge no lugar do original Simca Chambord.
O filme nunca foi exibido, pois mesmo tendo sido concluído o projeto não
saiu do papel.
Tirado da net...
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